Lembro-me de ir para a Califórnia em 1968 e treinar na academia de Joe Gold em Venice. Eu já era Mister Universo pela NABBA por duas vezes, mas treinar todos os dias entre fisiculturistas como Frank Zane e Dave Draper – Mr. Américas e Mr. Universos em todos os lugares – e fisiculturistas como Sergio Oliva aparecendo de tempos em tempos, eu praticamente não tinha outra escolha a não ser me aperfeiçoar.
Os tipos de pessoas que treinam ao seu lado em uma academia fazem uma diferença. Se estiver rodeado de pessoas sérias e que treinam com bastante intensidade, é mais fácil para você fazer a mesma coisa. Mas pode ser muito difícil realmente detonar os músculos enquanto as pessoas a sua volta estão apenas fazendo por fazer. É por isso que bons fisiculturistas tendem a reunir-se em certas academias. Tendo o exemplo de outros fisiculturistas sérios constantemente em sua frente, você treinará muito mais duro.
É isso que faz da academia original de Joe Gold, em Venice, Califórnia, um lugar tão incrível – uma pequena academia com apenas os equipamentos necessários, mas onde você estaria constantemente esfregando os ombros com os grandes campeões contra os quais tive o privilégio de competir – como Franco Columbu, Ed Corney, Dave Draper, Robby Robinson, Frank Zane, Sergio Oliva e Ken Waller. Hoje em dia, é raro encontrar tantos campeões no mesmo local, mas se não estiver compartilhando o recinto da academia como Flex Wheeler, Shawn Ray, Nasser El Sonbaty ou Dorian Yates, pode ser muito motivador se houver fotografias ou pôsteres desses indivíduos na parede ou troféus de campeonatos em exposição.
Em 1980, treinando na World Gym para minha última competição de Mister Olympia, apareci na academia às 7 horas da manhã para treinar e saí no terraço por um momento. De repente o sol atravessou as nuvens. Foi tão bonito que perdi toda a minha motivação para treinar. Pensei em talvez ir à praia em vez disso. Ocorreram-me todas as desculpas que conhecia – a mais persuasiva foi a de que havia treinado duro no dia anterior com o potente fisiculturista alemão Jusup Wilkosz, então eu poderia descansar hoje – mas aí escutei o som metálico de pesos se chocando dentro da academia e vi Wilkosz trabalhando abdominais; Ken Waller trabalhando ombros, veias se sobressaindo por toda parte superior do seu corpo; Franco Columbu detonando no supino com mais de 180 kg; Samir Bannout castigando seus bíceps com roscas pesadas.
Para todo lugar que eu olhava havia algum tipo de treinamento árduo e penoso acontecendo, e eu sabia que não poderia deixar de treinar se quisesse competir contra esses campeões. O exemplo deles me absorveu, e agora eu estava aguardando anciosamente para trabalhar, antecipando o prazer de ver meus músculos enfrentando ferro pesado. No final dessa sessão, tive o melhor bombeamento que poderia imaginar, e uma manhã quase desperdiçada transformou-se em um dos melhores treinamentos da minha vida. Se eu não estivesse lá na World Gym, com esses outros fisiculturistas para me inspirarem e motivarem, duvido que aquele dia tivesse sido tão produtivo.
Com essa invasão das academias de hoje, você encontra um ou dois ferreiros dedicados no meio de vinte patetas.