By Nelson Montana – http://www.testosterone.net/</a
(Fragmento do E-Book: Botton Line Bodybuilding; do mesmo autor)Traduzido e adaptado por Gabriel Ortiz
Ainda estava amargamente frio quando a neve tinha finalmente deixado de cair. Conforme eu perscrutava o lado de fora da janela do meu quarto, eu poderia ver que as estradas estavam tão boas quanto fechadas. Nada menos que pesados equipamentos de neve como ou grandes carros modelo SUV poderiam abrir caminho através do que parecia ser dois ou três pés de neve densamente acumulada. Estava pior do que ontem que já estava pior do que anteontem. Não obstante, isso não iria me deter. Hoje, eu teria que chegar ao ginásio de qualquer maneira que eu pudesse.
Apenas para ter certeza de que o ginásio estaria aberto, eu fiz uma ligação. Um toque. Dois toques. Então uma voz:
” Olá, Ginásio Bellrose. Joe falando. Posso ajudá-lo ?”
” Sim, vocês vão abrir hoje ?” Eu perguntei.
Uma voz um pouco agitada respondeu do outro lado.
” Infelizmente, nós vamos. Você consegue acreditar? Eu quero dizer, quem é que vai sair em um dia igual a este? Se eu não morasse vizinho ao ginásio, seria sem-chance que eu estivesse aqui. Minhas articulações desertaram. “
” Mas vocês vão estar abertos ?” eu reiterei.
” Sim, Sim. No horário normal de hoje. Não me pergunte por que”.
” Obrigado. Te vejo aí “. Eu desliguei o telefone e apanhei minha bolsa do ginásio. Eu estava a caminho.
Eu direcionei minha mente para o fato de que caminhar através do ventos e da neve faria um agradável aquecimento, como se tal expressão pudesse ser aplicada a tal situação. Num outro dia qualquer, os três quartos de milha de distância até o ginásio seriam moleza. Hoje, ia ser áspero. Mas eu queria ir. Meu corpo almejava atividade. Eu precisava erguer ferro e nenhuma desculpa iria me deter.
O Ginásio Bellrose não é o que alguém chamaria de um “ginásio hardcore”. É um do tipo comercial, projetado amantes ocasionais do fitness, e para donas de casa com sobrepeso. O layout é composto principalmente de bicicletas estacionárias, esteiras e um conjunto elementar de máquinas de exercício.
A metade do piso é reservado para vários tipos de aulas de aeróbica. Mas era escada abaixo, no porão, onde eu me dirigia escuro, úmido e reservado para qualquer pessoa que quisesse treinar realmente. Tinha pesos, bancos e mais pesos. Nada bonitinho.
Além disso, tinha uma gaiola agachamento e halteres que chegavam a até 45 kg, e isso era a declaração de boas vindas a qualquer um que escolhesse renunciar às coisas legais do piso principal e entrar na “zona de dor”.
Tão tosco quanto era, o porão não era um espaço para fisiculturistas no sentido tradicional da palavra.
Nunca ninguém falava em competir, nem qualquer um que treinava lá era alguma “proeminência”. Eu duvido que alguém que freqüentava o lugar fosse bombado ou tivesse até mesmo visto os bagulhos. Mas eu ainda tenho que encontrar um grupo de sujeitos que treine com tanta dureza e seriedade quanto eles. Alguns dos freqüentadores mais antigos tinham físicos surpreendentes espessos, vascularizados e definidos. Mas até mesmo esses que não eram geneticamente abençoados, ainda atacavam os ferros com ferocidade.
Quando eu finalmente terminei minha migração através daquela tundra suburbana, eu removi das minhas botas o máximo de gelo que eu pude e adentrei as portas do clube. Entretanto, até onde eu pude ver, não havia uma única pessoa no lugar. Uma solitária figura que eu imaginei ser o “Joe” estava sentando junto à escrivaninha da frente lendo um jornal, de braços cruzados, e inclinado para frente. Conforme eu me aproximava, ele mantinha sua postura desinteressada, a não ser pelo olhar com o canto dos olhos na minha direção.
” Foi você quem ligou?” ele perguntou sem muito entusiasmo.
“Quem mais seria”?
Joe permanecia indiferente à minha tentativa de humor através da minha confirmação do óbvio. Conforme eu tirava minha carteirinha de sócio da minha carteira ensopada, ele olhou para baixo em direção ao documento e murmurou, “Pode entrar”.
E continuava olhando timidamente para o chão do ginásio. A sala de aeróbica, normalmente tumultuosa, estava fechada. Um cartaz na parede dizia: “Nenhuma aula ocorrerá hoje devido ao tempo inclemente”. Onde tipicamente permanciam várias pessoas esperando por uma bicicleta, uma faxineira estava aproveitando a ausência dos sócios para uma faxina completa. As esteiras estavam desocupadas. Eu tinha passe livre para qualquer máquina que eu quisesse. Mas eu caminhei escada abaixo.
Eu me antecipava para a ausência total de sons de anilhas chacoalhando e colidindo, e dos tristes gemidos que sempre estavam presentes no porão sempre que alguém tentava içar uma carga que se recusava em ser movida. Ao invés, eu notei algo surpreendente. Havia aproximadamente oito ou nove pessoas que também vieram até o ginásio para descer até o calabouço. Mas talvez, afinal de contas, não fosse assim tão surpreendente.
Eu não era especialmente conhecido de qualquer deles mas eu já os tinha visto antes. Eles eram o regulares, os sujeitos que você nota, mas não necessariamente associa com. Entretanto, uma coisa era certa. Eles eram levantadores sérios.
Qualquer um que não suportasse seria do andar superior, e não daqui. Conforme eu iniciava a minha rotina, era difícil não reconhecer que os outros também estavam treinando. Não seria assim se nós pudéssemos manter o anonimato através do barulho e do congestionamento de um dia “normal” de treinamento. Nós éramos isto. Eu dei um aceno discreto a um dos sujeitos que me passavam, conforme ele agarrava um pesado par de halteres da prateleira.
Quando eu estava para começar minha próxima série, uma sensação peculiar se apoderou de mim. Eu sentia como se de repente eu estivesse sendo julgado pelos meus colegas de treino. Sob as atuais circunstâncias, eu não sei e nem quero nem saber o que qualquer um pensa do meu treinamento ou das cargas que eu uso. Para mim, o bodybuilding é uma atividade solitária. É minha terapia. Minha meditação. Mas então, eu sentia verdadeiramente como se eu estivesse entre irmãos. Estes homens estavam aqui pela mesma razão que eu estava. Nós éramos todos, pelo menos de algum modo, o mesmo.
Eu devolvi os halteres 20 kg e apanhei os de 28 kg. Na série seguinte, eu fui até mais pesado.
Eu queria fazer este treinamento contar. A meio caminho na sessão, havia uma inegável eletricidade no ar. Todo mundo estava se esforçando mais duro que o normal. Era como se este seleto grupo tivesse se tornado uma única mente. Barras vergavam sob a pressão de anilhas acumuladas.
Massas de metal desafiavam a gravidade pela força orgulhosa do nervo humano. Em certo momento, eu notei um dos sujeitos encarando uma barra surpreendentemente pesada. Era quase como ele estivesse se comunicando com a barra — desafiando-a a derrota-lo como já tinha feito tantas vezes antes.
De repente, ele se lançou até abaixo, agarrou a barra, e lançou isto para cima de seus ombros. De repente, ele deixou escapar um berro de agonia. Ninguém se moveu. Ele conseguiu. Todos nós sabíamos disso. Ele então empurrou o peso para cima, tremendo sob a pressão. ‘ Ótimo levantamento, ‘ eu pensei. Quando ele devolveu a barra aos ombros, ele tirou um fôlego profundo e gritou alto, ” UM “. eu achei divertido e fiquei impressionado. Ele bateu três repetições a mais. Este é o jeito de fazer isso.
A energia naquela sala estava aumentando e eu obtive um entusiasmo incessante pelo resto do treinamento, erguendo mais pesos do que eu já tinha feito antes. Minhas repetições habituais, que variavam entre 8 a 10, já não eram mais o número desejado. Na verdade, eu deixei de contar. Eu apenas continuava indo em frente. Ao final de uma escruciante série de desenvolvimento sentado, um dos sujeitos veio até atrás de mim conforme eu estava alcançando o fracasso. E ele gritou; “Vamos! Você consegue mais quatro”! Por alguma razão inexplicável, eu acreditei. Pelo menos, eu queria isso. Assim eu enrijeci e concentrei cada grama de força que eu poderia reunir, e com apenas uma leve ajuda do meu camarada, eu fiz as quarto repetições.
E então uma quinta — seguida de repetições parciais no topo do movimento, até que eu senti como se meu torso inteiro estivesse em chamas! Quando a última porção de energia remanescente deixou o meu corpo, eu mergulhei para o chão e respirei com dificuldade em busca de ar. Sentindo-me bem.
Foi então que meu camarada fez o que eu estou seguro de que foi nada mais do que uma observação de transcurso, mas que teve mais significado do que qualquer coisa que eu alguma vez ouvi.
Ele disse: “Só os guerreiros vieram hoje”.
Eu estava muito cansado para responder, mas eu concordei.
Eu também tomei isto como o elogio mais elevado que um fisiculturista poderia receber.
Aquele treinamento aconteceu no inverno de 1996 e tornou-se, de muitas formas, o padrão pelo qual eu julguei todos meus treinamentos desde então. Eu nem sempre tenho sucesso, mas se eu nunca tivesse me empurrado tão duro quanto eu fiz naquele dia, eu nunca saberia do que eu era capaz. É incrível como a inspiração pode vir do mais improvável dos cenários.
Eu me mudei do bairro onde o está o Ginásio Bellrose. Agora eu vivo agora na cidade de Nova Iorque, e tenho acesso a algumas das melhores instalações do mundo todo, equivalentes às de Venice Beach. Não é incomum ver um profissional importante treinando bem ao seu lado em um dia qualquer.
Os corpos que freqüentam estes estabelecimentos High-Tech são um atestado descarado para a disponibilidade de substâncias anabólicas.
Estão por toda parte ao redor. Musculaturas anormalmente desenvolvidas são quase que uma trivialidade.
Alguns novatos conhecem meus artigos das revistas de musculação e é por isso que eu sou questionado freqüentemente: “Onde é o melhor e mais sério ginásio na cidade?” Cínicos desejando saber onde os “Big Boys” congregam e onde eles poderão achar alguns esteróides. Aspirantes a competidores esperam que eu possa encaminha-los a algum lugar onde eles poderão aprender alguns segredos — algo que lhes dará aquela extremidade extra.
Sem dúvida, o pergunta mais freqüênte é: ” Onde eu posso ir que seja realmente hardcore ?”
E sempre que eu recebo tal questão onipresente, tudo o que eu posso pensar é sobre certo dia nevado e frio há alguns anos atrás, de volta ao porão de um ginásio obscuro cheio de fisiculturistas desconhecidos suando e se esforçando para conseguir apenas mais uma repetição por nenhuma razão mais importante do que simplesmente poder fazer isto!
Onde está o hardcore? Hardcore realmente é um lugar, mas não tente procurar por isto. Não tem nome e não tem endereço. Você não encontrará lista telefônica ou na Internet. Talvez através de recomendação pessoal ou das conexões certas.
O hardcore está no coração. E contanto que você tenha um desejo intenso para treinar mais duro e mais pesado que você fez da última vez, ou em todas as outras vezes … você estará no lugar certo.
Qual ebook amigo, anonimo?! Esse é um artigo antigo…. De um autor americano, Nelson Montana que escreve para um site gringo! Abraço
Muito bom o fragmento do e-book…a riqueza de detalhes me fez ser transportado até tal momento.