Lee Labrada fisiculturista
Publicado: 19 de Setembro de 2013 em:

ENTREVISTANDO LEE LABRADA

 ENTREVISTA COM LEE LABRADA REALIZADA POR JOHN HANSEN (MR. NATURAL OLYMPIA) EM 29 de OUTUBRO DE 2003

Lee Labrada é uma lenda do bodybuilding. Em seus anos de competição, Lee apresentou um simétrico e estético físico que ganhou quase todos os títulos TOPS de um palco de fisiculturismo, exceto o cobiçado Mr. Olympia. No entanto, Lee estava muito perto de ganhar o maior prêmio no fisiculturismo, ganhando um segundo lugar muito próximo do vencedor Lee Haney em 1989 e 1990. Afora os muitos títulos que ganhou Lee como bodybuilder profissional, foi a classe e estilo que ele exibia como um fisiculturista top que lhe concede o direito de ser chamado de uma lenda.
 
Lee era um posador inovador no palco e um profissional em todos os sentidos da palavra, tanto no palco e fora dele. Ele tratava seus fãs e concorrentes com respeito e e se preparava para cada performance no palco com empenho e classe.
 
Lee começou a musculação na adolescência e, lentamente, desenvolveu seu espesso e simétrico físico. Na época ele tinha 25 anos e ganhou a sua categoria no NPC Nationals 1985 IFBB e no Mr. Universe. Foi essa última vitória de Lee que lhe deu o direito de competir como fisiculturista profissional. E que carreira espetacular ele teve!
 
Lee ganhou a sua primeira competição profissional, a “Noite dos Campeões” em 1986, pouco depois de se casar com sua bela esposa Robin. Por ganhar seu primeiro show profissional com um corpo de 82kg rasgado e simétrico, Lee mostrou para todos os outros profissionais do circuito IFBB que ele era uma ameaça a ser considerada.
 
Lee entrou no seu primeiro Mr. Olympia em 1987 e pegou terceiro colocado atrás de Lee Haney e Rich Gaspari. 
Durante os próximos sete anos, Lee nunca mais teve colocação mais baixa do que em quarto lugar na competição mais cobiçada do planeta. 
Suas batalhas históricas com Haney em 1989 e 1990 foram extremamente disputadas e muitos acham que Lee mereceu ganhar pelo menos um ou dois troféus Sandow ao longo de sua carreira competitiva.
 
Lee se aposentou do fisiculturismo competitivo em 1995 e logo criou sua própria empresa de suplementos, a Labrada Nutrition. Nos últimos oito anos, Lee elevou a sua empresa ao status de uma das mais bem sucedidas da indústria de suplementos. Lee e sua esposa Robin agora tem três filhos e eles continuam a viver na cidade de Houston, Texas.
 
Lee Labrada utilizou seu apelido “Músculos com Classe” para fazer propaganda de seus produtos durante a sua carreira competitiva. É óbvio que a forma como Lee conduziu sua vida durante seus anos de competição, com sua vida pessoal e com o seu enorme sucesso comercial, que Lee definiu o termo “classe e profissionalismo” em todos os aspectos de sua vida.
 
Foi uma honra para mim falar com Lee recentemente sobre seu treino e as estratégias dietéticas que ele empregava sendo um dos mais bem sucedidos bodybuilders profissionais da história. Lee é muito bem falado e é um representante ideal para o  bodybuilding.
 

A Entrevista

John – Lee, esta é uma página de bodybuilding natural, eu queria primeiro perguntar sobre o seu treinamento quando você começou a musculação quando era adolescente. Lembro-me de ver uma foto de você na Flex Magazine de sua primeira competição e, apesar de de ter ganho o primeiro lugar no campeonato, ainda estava muito magro. Que tipo de programa de treinamento que você seguia para progredir de um começo “humilde” à condição física impressionante que ganhou o NPC Nationals de 1985 e o Campeonato Mundial da IFBB?
O JOVEM LEE LABRADA NO INICIO DE SUA CARREIRA PROFISSIONAL 
LEE LABRADA – Bem, entrei na minha primeira competição em 1978 adolescente. Foi a AAU Teenage Mr. Jacksonville. Eu acho que pesei todos meus “quase 60kg” naquele show. Comecei fino e com músculos naturalmente, e então eu tive que me construir dessa condição. Quando eu comecei, eu fazia uma rotina de 6 treinos na semana que me levaram rapidamente ao overtraining. Eu não estava comendo corretamente, você sabe, comia um monte de alimentos errados e eu não estava vendo muitos resultados. Eu estava ficando mais musculoso, mas sem densidade.

Quando finalmente comecei a crescer foi quando eu tropecei em alguns dos artigos do Mike Mentzer sobre treinamento de alta intensidade, e eu adaptei alguns desses princípios de alta intensidade pro meu treino. 

Eu nunca fiz somente 1 a 3 séries por grupo muscular ou esse tipo de divisão que ele pregava, eu achava muito extremista. Especialmente naquela época em que estávamos fazendo 20 séries por grupo muscular e usando muito volume. 

Em vez disso, ajustei uma rotina e um método que descobri ser bom pra mim. Seis a oito séries para grupos musculares menores, como braços e depois para grupos , 10-12 séries, talvez até 15 séries para costas (Cinco exercícios com Três séries cada pro exemplo). 

Basicamente, indo até a falha em cada série com tanto peso quanto eu podia usar. Eu realmente comecei a crescer dessa forma.

John – OK, então você estava fazendo de 6 a 8 repetições em cada série?
 
LEE LABRADA – Normalmente, em torno de 6 a 10 reps, dependendo da parte do corpo. Eu periodiza o treino também que, em outras palavras, às vezes eu treinava com repetições baixas, outras vezes treinava com repetições altas. Mas, o importante é ir à falha, para chegar ao ponto que você não pode fazer outra repetição. Isso impões um stress no músculo ao qual ele não está acostumado.
John – Quantos dias por semana você treinava naquela época, em torno de 4?
 
LEE LABRADA – Naquela época, eu estava fazendo uma divisão de quatro dias. Basicamente, treinava segunda e terça-feira e, em seguida, repetia essa rotina na quinta e sexta-feira. O jeito que eu estava dividindo o treino, naquela época, que eu me lembre foi muito brutal. Eu fazia peito, ombros e tríceps em um dia e pernas, costas e bíceps no dia seguinte. Dessa forma, o dia de costas e pernas era mortal, pra não dizer palavra pior.
 
John – Ah sim, eu costumava fazer essa rotina também.
 
LEE LABRADA – Tire um dia de folga, entre em estado de “coma” e quando o fim de semana chegar, lhe tomou apenas dois dias para recuperar.
 
John – A próxima coisa que eu queria perguntar é como você treina agora. Te conheci este ano no Arnold Classic e fiquei espantado com o tamanho de seus braços. Acho que você está com 43 anos agora e você trabalha muitas horas por dia… o que você faz para manter esse tamanho?
 
LEE LABRADA – Você está certo, tenho 43 anos e eu não sou tão grande quanto eu costumava ser, mas eu continuo em boa forma. Normalmente, o que eu faço é apenas um breve e intenso treinamento. Então, faço de 6 a 8 séries por grupo muscular atualmente e todo o treino vai me levar não mais do que 30-45 minutos.
 
John – Lee, vamos voltar a 1990, quando a IFBB decidiu implementar o anti-doping no Mr. Olympia.  Eu sei que você estava a favor do teste anti-doping esse ano e eu queria saber quais as mudanças que você fez no seu treino e na sua preparação para o show “Drug Free”, cortou um pouco o volume de treino ou reduziu o cardio, etc?
LEE LABRADA
Só para que conste, eu sou a favor do teste anti doping TODO ano, contanto que seja nivelado. O problema surge quando muitas dessas substâncias são difíceis de detectar. Então, é muito difícil ter um Campeonato Natural verdadeiro, principalmente no nível profissional.
Mas, em 1990 isso foi requerido que eu tive que diminuir meu volume global. Eu continuei comendo o mesmo tipo de alimento e apenas permiti um pouco de tempo extra para a recuperação. Você pode ver as fotos que o meu corpo não mudou muito de 1989 para 1990 a 1991. Isso é porque eu nunca fui um usuário abusivo de esteróide. Para se ter uma idéia, meu peso de competição era entre 88 – 88kg e hoje em dia, eu peso entre 82 – 84kg. É como eu mantenho meu peso corporal.

 

John – Falando do mesmo assunto, o que você pensa do direcionamento que o fisiculturismo tem tomado desde 1990? Parece que esse ano pode ter sido um grande ano para o fisiculturismo, se a IFBB tivesse continuado os seus testes de drogas. Quem sabe, talvez o bodybuilding teria sido um dos esportes nos Jogos Olímpicos do próximo ano na Grécia, em vez de ser jogado fora das Olimpíadas indefinidamente.
LEE LABRADA – Poderia ter sido um grande ano para o ranking profissional. Vou te dizer que, a nível amador, penso que tem havido grandes avanços feitos pela IFBB e o esporte se tornou mais popular e tem sido aceito em vários países através dos esforços de Ben Weider e Rafael Santoja e altos funcionários da IFBB . 
 
A nível profissional, acho que perdemos o barco. Eu acho que nós tivemos uma oportunidade real para limpar o esporte e tornar o esporte mais atraente ao público. Haverão os puristas que dizem: “Bem, nós não nos importamos com o que o público pensa”. 
Bem, se esse for o caso, então não reclame do prêmio em dinheiro que nunca aumenta, não se queixem de que não há oportunidades de contrato disponível para fisiculturistas profissionais, etc. Porque, no final das contas, para popularizar o esporte, ele vai ter que ser um esporte que o público aceita como um esporte legítimo. O uso desenfreado de anabolizantes no esporte hoje é apenas loucura. E realmente ficou pior.
 
John – Onde você acha que isso vai parar?
LEE LABRADA – Bem, eu acho que a menos que a IFBB faça algo sobre isso, vai ser só status quo. “Basicamente, você só vai ter esses fisiculturistas profissionais, levando seus físicos para qualquer nível possível, com qualquer tipo de farmacologia que está disponível no momento, independentemente das conseqüências à saúde.”
 
John – Você vê a tendência de mudança nisso tudo com Victor Martinez ganhando a Noite dos Campeões e Charles Darrem ganhando um show profissional no início do ano?

LEE LABRADA – Bem, eu definitivamente acho que essses físicos têm mérito, mas se você olhar para os físicos, eles ainda são um pouco maiores do que os físicos de 1980 e 90 e isso é bom. Físicos, tais como Flex Wheeler são bonitos de olhar e eles demonstram uma quantidade enorme de simetria e musculosidade e, ao mesmo tempo, uma quantidade enorme de tamanho. 

Contanto que seja bem distribuído está certo. O que eu sou contra é um esporte que premia em massa por causa da massa para a exclusão de todas as outras propriedades físicas do físico. 

Em outras palavras, chega um ponto em que, se você continuar a acrescentar massa muscular, o corpo humano perde a sua beleza, forma e forma. Isso é o que eu sou contra.

 
John – Vamos voltar para a sua dieta Lee. Eu me lembro quando você estava competindo, você utilizava uma dieta que tinha muita proteína e carboidratos. Agora, ouve-se muito da tendência atual, onde todo mundo quer cortar seus carboidratos ou estão comendo quantidades muito baixas de carboidratos. Você acha que isso é necessário pra ficar realmente rasgado?
LEE LABRADA- Não, eu acho que você tem que controlar os níveis de insulina, a fim de ficar cortado. Isso significa ser capaz de manipular a ingestão de carboidratos para a medida certa, sabendo diferenciar os carboidratos complexos e simples. Manter estáveis os níveis de insulina é o que é fundamental para a perda de gordura na minha perspectiva. A ingestão de gordura e ingestão de carboidratos é apenas uma função da quantidade de combustível que o corpo necessita.
 
John – E como você fez isso quando estava competindo, usando mais refeições?
LEE LABRADA – Sim, normalmente, eu fazia seis refeições por dia, com uma média de cerca de 40 gramas de proteína em cada refeição. Manipulava a ingestão de carboidratos e gordura de acordo com meu necessidades energéticas. 
Vou lhe contar, em retrospecto, que eu provavelmente teria ido melhor na dieta, ou seja, manteria meus níveis de açúcar no sangue mais estáveis, se eu tivesse aumentado o meu consumo de gordura para 10, 15, talvez tão alto quanto 20% de gordura como uma porcentagem da minha ingestão de calorias. 
Eu costumava descer para menos de 5% de gordura e calorias por depender somente dos carboidratos complexos para a minha energia. Eu acho que provavelmente eu teria ficado ainda mais rasgado, em retrospecto, enquanto as calorias de gordura viessem de ácidos graxos essenciais, tais como suplementos de óleo de linhaça e coisas assim.
John – Você se lembra quais eram os números eram Lee, quantas calorias você estava comendo, quantos gramas de proteína, carboidratos e gorduras quando você estava competindo?
LEE LABRADA – Como eu disse, 40 gramas de proteína por refeição e o equilíbrio que era composto de carboidratos complexos e vegetais. Eu diria que eu estava em uma dieta de 3.500 calorias durante o Off-season e iria baixar para 2,500 calorias por dia antes das competições.
 
John – E para ganhar peso? Você se permitia ganhar muito peso em off, em caso afirmativo, quão pesado você já chegou?
 

LEE LABRADA – Eu fiz um bulking entre 17 e 21 anos. Depois que comecei a competir em categorias, nunca deixei meu peso subir mais de 10-15 quilos acima do peso da competição. Acho que é contraproducente. Eu acho que é muito duro pro corpo, é cansativo e não é propício para maiores ganhos musculares.

 
John – Lee, vamos voltar a seus dias como um competidor IFBB pro. Foram vários shows que você fez que realmente se destacam, tanto quanto sua condição excepcional. O Mr. Universe de 1985  é um, o Mr. Olympia de 1989 em Rimini, Itália, onde você pegou segundo atrás de Lee Haney e o Mr. Olympia de 1992 em Helsinque, Finlândia. Olhando para aquela época da sua carreira, qual show que você acha que exibiu o seu físico mais impressionante?
 
LEE LABRADA – É uma boa pergunta. Eu teria que dizer que o Olympia de 1989 em Rimini e o Olympia de 1992 foi provavelmente as minhas melhores competições em termos de condicionamento.
 
John – Voltando a 1992, o que você fez para aumentar seu tamanho? Lembro-me de ver você no show e que você realmente me impressionou com a quantidade de massa que você desenvolveu em comparação com o que você havia mostrado anteriormente.
 
LEE LABRADA – Bem, a maior diferença nos primeiros anos era que eu tinha começado a utilização de pó substituto de refeição além das proteínas animais normais, como peito de frango e peixe, etc. Comecei com proteínas em pó e eu acho que só porque o alimentado proteína é mecanicamente feito, é mais fino e permitiu uma melhor absorção de uma maior qualidade da proteína e acho que teve muito a ver com isso.
John – Então, você acha que foi mais por função da proteína em pó do que o treino que lhe permitiu aumentar o seu tamanho de forma tão dramática?
 
LEE LABRADA- Acho que não há dúvida de que era uma função da nutrição. Quanto ao treino, é claro que eu continuei a aumentar a quantidade de pesos que eu usei, mas foi em função da nutrição.
 
John – Por falar nisso, vamos falar sobre a carga que você usou nos seus treino. Você concentrava em ir muito pesado ou apenas em sentir o músculo?
 
LEE LABRADA – Mais em sentir o músculo. Eu era um daqueles culturistas que nunca teve problemas em desenvolver os músculos por igual. Eu me considero um slow gainer ou mid gainer. Eu não ganhava músculos muito rapidamente nem era um hardgainer extremo, mas também não era um desses bodybuilders super humanamente fortes como Ronnie Coleman. Ele é praticamente tão forte como um halterofilista, libra por libra. Eu usava bastante peso indo até à fadiga para meus músculos.
 
John – Isso foi realmente importante para você ir pesados em seus treinamentos?
 
LEE LABRADA – Sim, porque eu queria ser capaz de levar o músculo entre 6 a 10 repetições até o ponto onde eu iria falhar na última repetição.
 
John – Quanto cardio você fez durante seus anos de competição? Alguns bodybuilders faziam cardio seis dias por semana, duas vezes por dia, enquanto outros só faziam cardio três vezes por semana. Você sentia que cardio era necessário para conseguir um físico realmente rasgado?
LEE LABRADA – Eu acho que cardio é uma boa ajuda. Eu não dependia muito de cardio. Eu sempre tive um metabolismo muito rápido e  meu cardio era composto de 20-30 minutos, cinco dias por semana.
 
John – E em off-season, você fazia algum cardio, então?
 
LEE LABRADA – Eu normalmente não fazia muito cardio em off-season. Somente duas ou três vezes por semana.
 
John – Você já competiu contra alguns bodybuilders realmente incríveis durante a sua carreira competitiva na década de 1980 e ’90. De todos os profissionais proeminentes que você enfrentou, qual você acha que foi geneticamente mais talentosos?
 
LEE LABRADA – Eu teria que dizer Lee Haney ou Flex Wheeler . Foram os dois bodybuilders  mais geneticamente talentosos que eu competi. Lee Haney era único. Ele era um bodybuilder incrível com um monte de talento que Deus lhe deu. Eu diria que é uma tragédia que Flex Wheeler não se tornou Mr. Olympia em um algum ponto. Porque eu acho que poderia ter mudado o rumo que a musculação tomou depois deste momento. Eu diria que esses são os dois mais talentosos e geneticamente abençoados bodybuilders com quem eu competi.
 
John – E se não o mais bem dotados geneticamente, o fisiculturista com quem você competiu que foi o mais persistente, aquele que nunca desistiu (além de você, é claro).
 
LEE LABRADA – Eu teria que dizer que do ponto de vista de persistência, o nome que vem à mente é Rich Gaspari. Rich é um grande atleta e, ao mesmo tempo, ele nunca teve uma genética privilegiada, e cara… como ele lutou com ela e foi em frente. Ele fez o melhor possível apenas com um treinamento rígido cheio de pura força de vontade.
 
John – Que tal o concorrente que se destaca como o mais duro mentalmente?
 
LEE LABRADA – Eu teria que dizer Dorian Yates. Você sabe, ele não fala muito. Eu acho, que por si só, era suficiente para saber que ele não estava brincando.
 
John – Falando no mesmo assunto, qual das competições que disputou se destacam como algumas das suas mais difíceis batalhas?
LEE LABRADA – Oh, sem dúvida, as batalhas que tive com Haney em ’89 e ’90. Eu diria que, se fosse para escolher uma, seria a batalha que tive com Haney em ’90. Você sabe que, no momento, após o pré-julgamento do show, eu estava à frente por vários pontos indo para o show da noite. Então, ele me venceu por dois ou três pontos. Foi uma perda difícil de engolir.
 
Foi um verdadeiro ponto de virada para mim também, tanto do ponto de vista da musculação quanto profissional. Até esse ponto, eu realmente tinha exteriorizado minha ambição para ganhar a coroa do Mr. Olympia e, nesse ponto, ’90 foi um ponto de mudança para mim, pessoalmente, porque foi nesse ano que eu percebi que eu precisava não me concentrar em vencer a coroa do Mr. Olympia, mas basicamente em melhorar meu físico e eu venceria o Mr. Olympia como resultado disso. Foi uma mudança de foco e, por isso, fui capaz de obter maiores ganhos com meu corpo e, por outro lado, eu era capaz de me divertir muito mais. 
John – Eu queria perguntar-lhe sobre sua empresa Labrada Nutrition. Você parece o tipo de pessoa que se planeja para o sucesso em vez de apenas tocar o negócio ano a ano. Lembro de ter lido em um artigo de revista de anos atrás que você disse que planejava competir como profissional por 10 anos e, em seguida, quando esses 10 anos se passassem, você se aposentaria. Você não se afastou do bodybuilding, mas você não faz um retorno como tantos outros bodybuilders fazem.

LEE LABRADA – John, posso dizer que você gosta de musculação. Eu não acho que ninguém se lembraria disso. Na verdade, essa é a primeira vez em uma entrevista que alguém tenha mencionado isso. Mas, você está absolutamente certo. Eu disse isso. 

Quando me casei com minha esposa, aos 26 anos, eu disse a ela que eu competiria nesse esporte durante exatamente 10 anos. Iria me aposentar aos 35, porque se eu não tivesse vencido o Olympia naquele momento, eu não iria mais. 

De qualquer forma, fiz meus 35 anos, eu sabia, eu sabia que já era tempo. E foi bom porque, quando você sabe a sua estratégia de saída e quando ela será, te permite viver mais plenamente. Permite que você se planeje e tire muito mais da experiência quando é feito dessa forma.
 

John – Você tem um plano, Lee? Você sabia que você iria fundar uma empresa de nutrição?

LEE LABRADA – Eu sabia que ia fundar a minha própria empresa de nutrição em 1993. Em 1993, eu estava em um show de musculação, onde eu estava dando uma exposição e eu corri para Dale Ruplinger que era um  antigo Mr. Universo peso médio. Eu o vi vendendo algumas vitaminas e alguns suplementos para outra empresa e eu tive que falar com ele porque eu tive um insight. Eu soube naquele momento que havia um futuro naquilo.

No início de 1991, já tinha abordado Bill Phillips sobre um produto relativamente obscuro na época chamado de Met-Rx. Eis que era uma questão de estar no lugar certo e na hora certa e eu assinei com a Met-Rx. 

Era eu, Bill Phillips, Scott Connelly e Jeff Everson naquela época, e o negócio estourou a boca do balão. O produto se tornou um sucesso estrondoso e vi que havia uma oportunidade para mim e bons negócios na indústria de suplementos e que havia oportunidades para boas empresas com bons produtos, porque a indústria de suplementos ainda estava em sua fase infantil naquela época.
 

John – Como o proprietário da sua própria empresa, quais os produtos que você oferece da Labrada Nutrition que você sente que seria de benefício específico para um fisiculturista natural competitivo?
 

LEE LABRADA – Sem dúvida, o pó substituidor de refeição (Meal Replacement), porque vamos encarar, é difícil comer seis vezes por dia. Eu não me importo o que ninguém me diz. 

É difícil levar um refrigerador por aí com um monte de peitos de frango e batatas e outras coisas nele e um fisiculturista bom faz isso.

 É tão fácil de usar pós substituto de refeição como coadjuvante a uma dieta alimentar. Então, eu diria para usar o pó substituidor de refeição, o Lean Body, em particular. 

As barras são boas pela rapidez, especialmente após o treinamento. Você pode simplesmente jogá-los na sua mala. Nós temos a Lean Gold Bars, que é maravilhosa. Então, eu diria que a glutamina e a creatina são importantes quando você está competindo e que podemos carregar na bolsa também.
 

John – Lee, o que você tomava quando estava competindo como fisiculturista?
 
LEE LABRADA – Eu levaria comigo três substituidores de refeição por dia, às vezes até quatro por dia e usava a creatina junto.
 
John – O que você espera do futuro para você e para sua empresa?
 

LEE LABRADA – Oh, meu Deus, eu vou te dizer que o céu é o limite! Estamos em expansão, estamos crescendo e ficando em pontos de venda maiores e desenvolvendo uma base de fãs maior. 

Como você sabe, eu tenho o Lean Body Coach Newsletter que é uma revista semanal e gratuita que eu envio para mais de 50.000 pessoas. (www.labrada.com ) É uma revista que fornece dicas de nutrição, de treinamento e de suplementação com alguns dos melhores escritores do mundo sobre estes temas.
 

Estive ocupado trabalhando com a cidade de Houston como o czar da aptidão física da cidade. Fui nomeado czar fitness pelo prefeito Lee Brown em junho de 2002 para dirigir todas as iniciativas aqui da cidade de Houston para a sensibilização sobre a necessidade de exercício e nutrição e combate à obesidade. 
 
Finalmente, eu recentemente assinei a proposta de um livro com a Harper Collins, e eu vou estar com um livro em janeiro de 2005.

John – Uau, isso é ótimo Lee. Muito obrigado pela entrevista e boa sorte para você com a Labrada Nutrition, a cidade de Houston e eu estamos todos ansiosos para conferir o seu livro em 2005!

Tradução e adaptação: Gabriel Ortiz

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Gabriel Ortiz

Gabriel Ortiz, fisiculturista natural lifetime, ou seja, nunca utilizou esteróides anabolizantes ou doping pela WADA. Compete no Brasil e Estados Unidos. Formado em Educação Física, atua como treinador em Brasília, já preparou e prepara vários atletas, inclusive premiados com o título 'Pro Card' pela ANBF em Dez/16 nos Estados Unidos e musa 'Diva Fitness' em 2017 pela WBFF. Redator e colunista desde 2006, cunhou o termo "Preconceito Muscular".

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